terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Poesias

À amada......

Que amor é esse?


Não é arrebatador como a espada de Tristão....
Nem tem a angústia dos suspiros de Píramo,
em busca do coração aflito e sedento de seu amor, Tísbe.
Tampouco, contém a beleza platônica das poesias de Romeo,
a cortejar à donzela de Verona...

Mas é real, e não é tragédia;
É intenso, e não corta na carne;
Surpreende, e não assusta;
E de momentos de calmaria, tal misterioso mar (de repente!),
Faz emergir procelas, não “em seu furor”,
Como cantaria o príncipe do “Avohai”;
Mas em calor, em êxtase, em encanto...

Por isso, é belo, mais que isso, é eterno...
Não “enquanto dure”, nada disso,
Pois emoções como essas, e só elas,
Ecoam além dos singelos sentidos,
Além dos tempos contados.

É assim o meu amor por ti, é assim a sua história....


















LENÇÓIS


Lembrei-me de teu perfume
Nos lençóis marcados da noite
A cama, templo da luxúria!
Unia-se a sede de minha pele
Clamando pelo teu corpo.
Não sei se eram saudades
Da carne, da alma, de ambas...
Devaneios de um tolo!
Carente de teus tocares,
Mergulhado em ilusões
Pois ela se foi, não volta mais...


Efemeridade

As cordas inquietas zuniam aos ventos
Levando canções aos ecos, ao eterno
A felicidade fazia-se aos poucos, efêmera
Pois trazia no seio a incoerência vulgar.

Era muito sutil sua performance
Despercebida aos olhos de superfície
Por que não te mostras de fronte?
Calcinando aos prantos os dissabores...

És pura, para os leigos, fúteis lobos
És sábia, para os crédulos, impertinentes
Mas, sabes o segrego da ventura, da fartura
Padecer a esmo, sem encanto, aos cantos



Ausência

Vagava eu, solitário, pela rua das ilusões
E encontrei uma sombra de olhar aterrador
Intimidei-me, esquecendo-me das paixões
Ela refletiu-se na ausência de amor

Sem entender, aquiesci-me, taciturno...
Ela se resguardou, num calar estéril
Queria fugir correndo daquele mundo
De suas garras, de um gozo deletério

Indaguei-a do meu destino, era meu pavor
Mas ele respondia oráculos indecifráveis
Insisti, sem alento, tornei-me histérico

Calmamente, enfim, ela me notou
E disse: Procura tuas esperanças realizáveis,
Senão encontrarás o frio do cemitério

















Floresta Sagrada.

Um veio onírico se mostra inesperado
No recanto de uma bela floresta sagrada
As libélulas voam rutilantes, sagazes,
Como sinais de um enlevo adormecido.
Um eu martirizado, disfarçado, vive sua “persona”,
O verdadeiro e inconfundível insano-rei.

Talvez um elo perdido? O antigo em ventos do hoje,
Trazendo segredos, alvíssaras, no que é possível?
Mas tudo é possível, ante a notória imaginação....

Clama-se a libertação viciada da civilização
De erguer-se, com barreiras, em apoteoses de repressão,
Inoculadas nas vertentes mais poderosas,
Por que não chamá-las opressoras?...

Afasta-se o cerne, a verve da flor, do seu odor.
Uma maravilha, esquecida, enriquecida, demais, deveras...
O chamamento que mais incomoda, exorta, e até esnoba...
Resistência madrasta, que maltrata, mas não impede, e impele!

O que se sucede, é visível, mesmo o cego, que sou eu, ou o outro...
Ao ver o antes inteligível, irreconhecível, inapreensível, ahhh...
Mas pude, e vi, e senti, e emergi, renascendo, me contorcendo,
E me libertei, para sempre, sem ventre, sem ente...

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